BICHO-DA-SEDA

Deriva de agrotóxicos e falta de produto faz Bratac deixar de exportar R$ 550 milhões

POR Téle Menechino EM 23 DE outubro DE 2023

A deriva de agrotóxicos está acabando com a sericicultura no noroeste do Paraná. Nas últimas duas safras mais de 500 famílias vulneráveis no campo abandonaram a atividade por causa dos prejuízos decorrentes da deriva causada por aplicação irregular de agrotóxicos nas culturas vizinhas.

Em um efeito dominó, a Indústria de Fiação de Seda Bratac, diante à restrição de casulos do bicho-da-seda, prevê um impacto negativo nas exportações de fios de seda deste ano de R$ 550 milhões, isso em um momento que cresce a demanda internacional pelo produto brasileiro.

A Bratac tem capacidade de comprar mais de 9 mil toneladas de casulos verdes por ano e produzir 1,4 mil toneladas de fios de seda e subprodutos para exportação. Ela atende aos segmentos de moda, biomateriais, alimentos, medicina e cosmética. No entanto, deve exportar apenas 300 toneladas, o que implica na redução de 1,3 mil postos de trabalho.

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Sandra Andrade Manieri, presidente da Associação de Produtores de Nova Esperança, que fica a 45 km de Maringá e é, oficialmente, a Capital Nacional da Seda, em alguns casos a deriva foi tão avassaladora que matou não apenas as lagartas, mas também as amoreiras:

Tem produtor que só vai voltar a criação no ano que vem, porque precisa refazer o amoreiral, em outros casos o casulo não se desenvolveu, porque foi intoxicado, são dezenas de famílias sem produzir.

Apesar do Plano de Ações Integradas de Combate à Deriva de Agrotóxicos da SEAB está em vigor desde maio de 2021, mesmo assim os prejuízos para a economia do estado decorrentes das perdas de bicho-da-seda continuam aumentando.

A criação do bicho-da-seda atende as principais estratégias do governo, sendo uma atividade produtiva sustentável, com garantia de compra do produto agrícola, alto valor bruto de produção, além de gerar mais de 1 mil empregos diretos, conter o êxodo rural e promover a sucessão familiar nas pequenas propriedades.

A criação do bicho-da-seda também é uma cultura de preservação ambiental, já que é 100% orgânica, tendo certificação internacional USDA/NOP. A cultura tem um potencial de receita bruta de R$ 110 mil/ano por hectare de amoral.

Protesto nesta segunda-feira

Sericicultores do noroeste fazem manifestação nesta segunda-feira (23) contra a deriva de agrotóxicos. Será em Nova Esperança e é organizado pela Associação dos Criadores do Bicho da Seda de Nova Esperança, Alto Paraná e Regiões, Associação Comercial e Empresarial de Nova Esperança e Prefeitura de Nova Esperança.

Fonte: As informações foram repassadas pela assessoria de imprensa da Associação de Produtores de Nova Esperança.

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