Milton Ravagnani

Colunista

Milton Roberto da Silva Sá Ravagnani é jornalista , advogado, autor de livros sobre Direito e Filosofia e membro da Academia de Letras de Maringá,

Eleições 2024

Quase vinte nomes e quatro grupos

POR Milton Ravagnani EM 15 DE setembro DE 2023

O sempre atento Tiago Valenciano trouxe, em reportagem de Marcelo Bulgarelli para este Portfólio, uma lista com 18 nomes para a disputa da prefeitura de Maringá no próximo ano.

Muitos nomes, há de se considerar. E outros ainda podem surgir, uma vez que partidos menores tendem a lançar candidaturas à majoritária na tentativa de impulsionar eventuais candidatos ao legislativo.

Mas, se formos avaliar mais a fundo, o que temos são quatro (se considerar o desmembramento de um desses, cinco) grupos que vão, mesmo, medir forças na próxima eleição. Grupos, inclusive, que podem se rearranjar em aglomerações menores.

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Explico: Há nas hostes da atual administração três (Valenciano fala quatro) nomes que buscam a primazia de disputar com o apoio do atual prefeito: Clóvis Melo, Edson Scabora e Flávio Mantovani (Valenciano acrescenta Francisco Favoto). Desses, Favoto é nome para, no máximo, pleitear uma vaga de vice, como já fez nas eleições de 2012 e 2016. Melo, por mais que deseje, ainda não dispõe de estofo eleitoral (nunca foi testado e só tem de experiência na vida pública os anos como secretário municipal, apesar de ser uma pessoa simpática e com discurso fácil.

Restam, como nomes para a disputa, mesmo, Mantovani e Scabora.

Scabora deverá ser candidato. Com o apoio de Ulisses ou sem ele. Aliás, a relação de ambos não anda lá essas coisas. O atual vice já se deu conta que se não buscar uma estrada própria não terá chão para andar. E tenta, dentro de suas capacidades, pavimentar esse caminho.

Já Mantovani, com bom retrospecto nas cinco eleições que disputou (duas para vereador, quando foi o segundo mais votado e, na seguinte, com a maior votação para o legislativo municipal, e três para deputado, sendo uma para federal e duas para estadual, ficando como suplente em todas) não é bem uma criatura de Ulisses. Ao contrário, já foi para a administração com o tal de estofo eleitoral bem espesso.

Claro que o apoio de Ulisses será muito bem-vindo. Mas, a exemplo de Scabora, não necessita exatamente ser ungido pelo atual prefeito para enfrentar a disputa. E vem forte.

Ocorre que Ulisses ainda quer voltar para a prefeitura. E eleger um sucessor prejudica seus próprios planos.

Isso nos indica que podemos ter, no máximo, dois nomes desse grupo na disputa. Aliás, sobre essa possibilidade vale outra coluna, que fica para depois.

Já no outro grupo, da base de Ricardo Barros, vêm os nomes do primeiro irmão Silvio (que hoje lidera em qualquer cenário) e o eterno auxiliar Manuel Batista. Mas, aí vai depender se Silvio de fato será candidato. Aliás, esse suspense será levado até o dia da convenção, porque é assim que Ricardo joga. Um jogo, inclusive, que já aconteceu várias vezes.

Se Silvio não for candidato, há alternativas no grupo, como houve na eleição passada com a Coronel Aldilene, cristianizada para garantir a eleição de Ulisses num acordo branco que todo mundo viu, mas poucos comentaram.

Fora desses grupos, há dois (ou três, a depender de como se olha). A jogada mais inteligente vem acontecendo sob a batuta de Mário Verri. Ciente de que seu PT não tem condições de vencer a eleição em Maringá, pela rejeição do eleitorado à sigla, costura uma aliança com 10 partidos que pode se tornar no grande vencedor dessas eleições.

Agregando nomes interessantes como o da vereadora Ana Lúcia Rodrigues e do ex-vereador Humberto Henrique, tem na figura de Evandro Oliveira o curinga que precisa para sair da bolha dos chamados “esquerdinhas”. Ao agregar o PSDB de Evandro ao grupo, Verri trouxe o verniz que faltava para essa ala mais progressiva da cidade, sempre órfã de candidatos viáveis desde que Êniio Verri foi viver sua vida solo.

Talvez não exatamente lançando um nome à cabeça de chapa. O que não se afasta, considerando que a eleição é em dois turnos. Mas, o grupo pode ir em peso para reforçar uma das candidaturas já mencionadas mais acima.

E, não pense que eles não poderiam estar com os Barros, dada à oposição histórica que sempre fizeram. Hoje, essas 10 legendas são muito mais pragmáticas do que já foram. E, por outro lado, têm um diálogo fácil com o grupo de Ulisses.

Resta o quarto grupo. Que, na verdade, não é um grupo em si. Mas, correm todos sobre a mesma fatia do eleitorado. Ali estão Homero Marchese (que será candidato com ou sem grupo), José Jacovós, Luis Alves e Rogério Do Carmo, e o menos provável Adriano José.

Considerando que Homero vai para a guerra, resta saber se os demais se arriscam na disputa. Luis Alves, por exemplo, tem uma eleição para vereador assegurada e entra num jogo de risco se quiser engrossar uma eventual candidatura a estadual em 2026. Sem mandado é bem mais difícil do que foi na eleição passada.

Já os deputados, esses, a exemplo do que fez Batista desde 2000, podem se candidatar para deixar o nome em evidência para a eleição de 2026. Mas, o fato de Marchese disputar encurta fortemente a viabilidade eleitoral de ambos. Ou dos três, se considerar Adriano José.

De todo modo, não se pode desprezar o apelo que Jacovós tem feito, repetindo a estratégia de Luiz Carlos Alborghetti que fez história nos anos 90 com programa popularesco sanguinário na TV. Até porque, a segurança pública é tema que tem batido doído no eleitor nos últimos anos e deve ser o mote da próxima eleição.

Os movimentos, então, tendem a seguir o desdobramento das ações entre esses quatro grupos (se você considerar que Homero é do grupo dele mesmo, são cinco grupos). Porque é desse bololô que sairá o próximo prefeito.

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