Ulisses Maia garante que Maringá terá aeroporto autossustentável

SÉRIE 53 MIN

Ulisses Maia anuncia o primeiro aeroporto autossustentável do País

POR Marcelo Bulgarelli EM 07 DE novembro DE 2023

Maringá terá o primeiro aeroporto do Brasil autossustentável na produção de energia elétrica. O prefeito Ulisses Maia, em entrevista exclusiva ao Portfolio, disse que serão construídas duas fazendas solares para a produção de energia fotovoltaica, sendo uma delas próxima ao aeroporto. O processo está em fase final de elaboração da licitação, mas ele acredita que as obras devem começar em janeiro.

Na terceira e última entrevista da Série 53 Min, ele garantiu que as usinas fotovoltaicas vão produzir 5 MW de energia cada uma, o suficiente para abastecer todos os prédios públicos da Administração Municipal gerando uma economia de até R$ 35 milhões por ano.

A entrevista foi acompanhada pelo secretário Domingos Trevisan, Chefe de Gabinete, e durou exatamente 53 minutos. Devido à longa duração, o conteúdo foi dividido em partes pela reportagem do Portfolio.

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Portfólio –  Qual a situação do aeroporto ?

Ulisses Maia – Quando nós assumimos, o aeroporto era deficitário, tinhas todas as contas rejeitadas. Eu não estou julgando gestões anteriores, mas isso é um fato concreto.

Começamos a trabalhar o aeroporto com técnica e com gestão. Está lá o nosso superintendente e toda a equipe técnica. Nosso aeroporto é superavitário e tem as todas as contas aprovadas. Nós vamos inaugurar, daqui uns 30 dias no máximo, o ILS (Sistema de pouso por instrumentos), que Londrina não tem, no Paraná só Curitiba tem.

Londrina tentou e tenta, mas não consegue. Nós também vamos inaugurar uma usina fotovoltaica, será o único aeroporto autossustentável no Brasil na produção de energia. Conseguimos agora a autorização da ANAC, vai sair a internacionalização de cargas do aeroporto.

Nós estamos ampliando, dobrando a estação de embarque, numa obra provisória, mas conseguimos a autorização do ministro, e da Infraero deve retornar até dia 8 de dezembro ou ainda em novembro, o projeto para o SAC, que é a Secretaria da Aviação Civil, que autoriza a Prefeitura a licitar a obra de 100 milhões de reais.Já temos 50 milhões na conta deste recurso.

A Infraero nos procurou porque o aeroporto de Maringá hoje é considerado o melhor do Brasil, na categoria regional

Mas o que eu iria falar do aeroporto? Ah, sim, eu vou falar o seguinte: a Infraero praticamente privatizou todos os aeroportos do Brasil. No Paraná, foram privatizados o de Londrina, de Foz do Iguaçu e Curitiba.

Sabe o que está acontecendo agora? A Infraero nos procurou porque o aeroporto de Maringá hoje é considerado o melhor do Brasil, na categoria regional, evidentemente. O melhor do Brasil em estratégia, em gestão, em tudo, ele está perfeito.

A Infraero agora, olha o ponto que nós chegamos, tem o desejo de assumir o nosso aeroporto. O presidente da Infraero veio a Maringá na quarta-feira (25) e tivemos uma reunião muito positiva.

Acabei de receber uma mensagem do assessor dele que quer mandar, na semana que vem, mais pessoas pra cá. Eu falei, tudo bem, vamos ouvir.

Portfolio – O município tem interesse na privatização?

Ulisses Maia – Do jeito que está, do jeito que nós transformamos o aeroporto, não compensa, porque hoje ele é um ativo, temos condição de decidir o que queremos para o aeroporto. Ele está bom, ele é o melhor do Brasil, hoje, e eu ouvi na boca do ministro, sexta, quinta-feira em Brasília, do ministro, do secretário da Aviação Civil, do presidente da Infraero, então isso é um fato concreto. É um grande ativo do município de Maringá.

A gente se desfazer desse ativo, só se for em troca de alguma proposta que seja interessante para a cidade. Então eu falei ao presidente da Infraero que se ele quiser analisar e apresentar alguma proposta, eu não vou falar não, nós podemos pensar desde que seja uma coisa discutida com precisão.

Vamos privatizador o nosso aeroporto? Mas em troca do quê?

Mas eu já falei não para propostas da iniciativa privada. Não que eu seja contra. Eu fiz a PPP da Iluminação Pública, a primeira, em 12 anos. Eu entendo que a parceria com o privado é um modelo que garante eficiência e economia para o serviço público, então eu não sou contra, em tese, evidentemente.

Vamos privatizador o nosso aeroporto? Mas em troca do quê? Nós chegamos num grau de desenvolvimento tão grande e aí, é claro que temos recursos do governo federal, mas fruto da eficiência, porque se a gestão estivesse como estava, deficitária e sem certificações, você não conseguiria um centavo em lugar nenhum. Transformamos o aeroporto em 100% público.

O que ele tinha era um absurdo: 99% das ações eram da Prefeitura e 1% era para o prefeito da época e para o secretário da Fazenda. Isso é uma coisa mais esdrúxula que pode ter, então acabamos com isso, ele é 100% da Prefeitura.

Claro que eles nunca foram donos, mas era uma solução jurídica que eu não sei como inventaram. Então, eu mostrei pra vocês que enquanto a Infraero concede os seus aeroportos no Brasil e, na contramão, vem atrás de nós pela eficiência, e se tudo isso está acontecendo na cidade, eu entendo que esse é o resultado de uma harmonia entre todas as instituições.

Portfolio – Prefeito, o senhor pode comentar um pouquinho mais sobre o ILS?

Ulisses MaiaEssa função é a seguinte: o ILS está pronto e instalado, dentro da burocracia necessária para vir uma aeronave chamada VEIG, que é do Departamento de Aviação Civil, que controla o espaço aéreo.

Aí tem a ver com a aeronáutica, então veio um avião da FAT, na semana passada, aquele que ficou girando na cidade aí, do tipo de especulação. Era o ILSveig, que é um avião próprio de inspeção, então agora esse Departamento do Espaço Aéreo vai homologar e aí já vai funcionar.

Nos próximos dias o nosso aeroporto vai ficar no padrão do aeroporto de Guarulhos e de Curitiba.

A nossa previsão é que nos próximos dias vai ocorrer, agora só depende de Brasília, mas eu acredito que nos próximos dias o nosso aeroporto vai ficar no padrão do aeroporto do Guarulhos e de Curitiba. Aí tem uma coisa: Londrina nunca vai conseguir, porque a pista não tem tamanho, não tem área no entorno da pista e não tem o ILS por causa disso.

P – É o ILS 1, 2 ou 3?

UM – É o Categoria 1, que é o de entrada. E tem mais uma coisa: será o primeiro aeroporto autossustentável em energia elétrica do Brasil.

P – Como assim?

UM – Nós estamos fechando o edital para licitar duas fazendas solares, eu chamo assim, de fazenda porque são grandes. Eu acho a sustentabilidade muito importante. Nossas usinas de energia fotovoltaica deverão custar cerca de 90 milhões de reais. São duas e cada uma vai produzir 5 megas de energia, o que é suficientes para abastecer todos os prédios públicos municipais: Prefeitura, Câmara, creches, escolas e o aeroporto. Isso vai gerar uma economia de 30 milhões a 35 milhões de reais por ano. Em três anos as fazendas se pagam..

P- Isso aí não foi divulgado.

UM- Não, já foi divulgado. Não foi com esses detalhes.

Não, com esses detalhes talvez não. Vai ficar onde, prefeito?

UM –Uma é na cidade industrial, em frente ao aeroporto, lá embaixo, e outra lá na Guatemala, do lado direito de uma área da prefeitura.

P-E você sabe o tamanho dela?

UM11 mil e 500  placas cada uma. É monstruoso. Por isso que eu falei, fazenda solar, duas. Isso vai ser, isso é o dinheiro na conta, a licitação está para ser publicada, isso vai terminar o nosso mandato. Dinheiro de… Empréstimo. Empréstimo.

Mas fiz empréstimo por quê? Porque em 3 anos paga. Empréstimo junto a… Caixa econômica. Caixa.

P-Qual o valor?

UM 85 milhões, quase 90 milhões. Quase 90 milhões. Com retorno do investimento em 3 anos. Ou seja, em 3 anos nós pagaremos a caixa econômica, o investimento. E janeiro tem obra das usinas.

A partir daí temos 35 milhões de lucro por ano, além de sermos uma cidade que produz energia limpa. Para a cidade e para o aeroporto. O aeroporto está pronto.

Eu acho que não tem outra cidade. Ponta Grossa fez com um lixo, mas não funciona. A usina do lixo está lá, mas não produz energia, não.

Portfolio – E a PPP da iluminação pública?

Ulisses Maia  Tá na fase de elaboração do contrato. Mas a empresa que ganhou,  uma corretora que especifica o consórcio do Itaú, tinha outros cinco grandes consórcios concorrentes.  Ela é uma das maiores do mundo, né? Então, acho que é uma coisa bem tranquila. Uma coisa interessante… O desconto.. Eles deram um deságio, né, o desconto, 54%.

Você já imaginou essa cidade inteirinha, 100% LED?

É um índice considerado alto. E na justificativa dele, ele apresentou o portfólio de Maringá como um dos objetivos do grupo.

Entendeu? Porque você imagina que… Vamos pensar, nossa cidade já é linda. Você tem aquelas fotos dela iluminadas, né? Aquelas fotos que a gente tem da catedral e da cidade iluminada. Você imaginou essa cidade inteirinha, 100% LED?

Que coisa mais linda que vai ficar. Eu contei a ele aqui. Ela quis entrar em Maringá porque a cidade atrai investimento, a cidade é uma marca.

E a mudança vai ser grande, viu? Vai ser tipo como na Avenida Carlos Borges. Ficou um diferencial. Três, quatro avenidas nós pusemos. Já faz uma diferença.

Agora, uma iluminação de LED, ela vai se modernizar, né? Tecnologia, até por isso que uma PPP é interessante, porque é vencida essa tecnologia, que ela tem um prazo de, em média, de 12 a 13 anos, que é o prazo que vence a tecnologia. E aí, já entra outra.

Vai ser construída uma central de controle. Hoje, por exemplo, o nosso serviço de manutenção da iluminação pública, ele é eficaz, mas ele precisa ser acionado. Ou por alguém da Prefeitura que passou, ou por alguém que vai ligar no 566.

Uma vez feita a consulta, em 40, 50 horas nós trocamos, sem dúvida alguma. Mas, às vezes, acontece que ninguém fala. Agora, o sistema de LED, ele é totalmente automatizado. E ele tem prazo para trocar. E, além de toda a iluminação, ele vai fazer 10 iluminações cênicas.

Nota da Redação – A entrevista foi concedida aos jornalistas Marcelo Bulgarelli e Téle Menechino.

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